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Nevoeiros: as primeiras poesias de Torquato Tapajós

Paulo Marques Pinto - labdicasjornalismo.informativocarioca.com
13/09/2024 18h37 - Atualizado em 13/09/2024 às 17h34
6 Min
Nevoeiros: as primeiras poesias de Torquato Tapajós
Arquivo pessoal.
Com este novo texto, finalizo a trilogia da minha primeira visita à Academia Amazonense de Letras. Aos leitores, peço que perdoem a minha demora, pois me deparo com mudanças na vida profissional, mesmo que compreendam os motivos para tais imprevistos. O livro que apresentarei, desta vez, é mais leve, por conter poemas.
O título da obra é, no mínimo, preocupante: Nevoeiros. Nas últimas semanas, Manaus está coberta por um nuvem sufocante para os nossos pulmões, uma vez que carrega a fumaça das árvores misteriosamente queimadas. Mas os "Nevoeiros" de cem anos atrás eram outros: os primeiros versos de um jovem de 18 anos que cederia seu nome a uma das principais avenidas da capital amazonense: Torquato Tapajós.
Afinal, quem foi esse inspirador da estrada que liga Manaus a Itacoatiara? Segundo o professor Marcos Frederico, Torquato Xavier Monteiro Tapajós, o poeta romântico amazonense, nasceu em Manaus no dia 3/12/1853 e faleceu no Rio de Janeiro em 12/11/1897, com apenas 43 anos de idade. Aliás, ele se mudou para a então capital federal com o propósito de fazer uma graduação em Engenharia e ajudou na instalação da rede de esgoto e saneamento do município.
Voltando à avenida das letras, Torquato criou três obras: Nevoeiros (1872), Nuvens Medrosas (1874) e Cromos (1897). Infelizmente, nenhum desses tesouros resistiu ao castigo do tempo. Seria Torquato o homem de um só poema?
O veterano acadêmico estava na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro quando, de repente, encontrou um livro com aqueles Nevoeiros. Uma pena que o mesmo estava com as páginas soltas e, por isso, presas a um barbante em formato de cruz. Daí surgiu a ideia de resgatar essa obra da tirania do esquecimento, enquanto ele dava aulas de Literatura Amazonense em uma universidade pública.
 
Os primeiros poemas de Torquato Tapajós: Deus, Pátria e Família
 
Os conceitos sociais, intelectuais e espirituais do século XIX são praticamente os mesmos de hoje, pelo menos para os ditos conservadores: Deus, Pátria e Família. Os três poemas que iniciam os Nevoeiros evocam essa união familiar inquebrantável.
Mas o primeiro, intitulado DEUS, chamou a minha atenção, pois me lembra a vida de Jó, um homem muito rico, pai de sete homens e três mulheres, que repentinamente adoece, perde seu patrimônio e sua família. Mesmo assim, nunca deixa de confiar em Deus.
Dividido entre a grandeza divina e a constante imperfeição do ser humano, Jó reconhece sua falta de conhecimento e declara: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado”. Assim, há uma concordância entre Jó e Torquato, mesmo em épocas distintas, sobre depender totalmente de Deus.
O apelo patriótico completa o vínculo entre Deus, a família e o homem no poema XXI, O Brasil, cujas sete estrofes de cada quatro versos retratam um fato deveras relembrado nas aulas de História: no dia 7 de setembro de 1822, às margens do Riacho do Ipiranga, D. Pedro I, montado em um cavalo, grita em volume máximo e com a espada para o alto: “Independência ou morte! Estamos separados de Portugal!”. Esse grito consolidou o Brasil como nação legítima.
 
Paixão, melancolia, justiça e luxúria
 
O jovem poeta retrata o amor com especulações de “sofrência”, estilo musical predominante nos tempos atuais. Em outras palavras e épocas distantes, ele expõe sua frustração amorosa pela mulher adormecida e inalcançável, bem como o contraste entre a religião e os desejos carnais. Ao lembrar o dia de seu nascimento, absorve a postura fúnebre, melancólica e depressiva do paulistano Álvares de Azevedo. Por fim, encontra inspiração no baiano Castro Alves e escreve versos engajados em repúdios contra a desigualdade social e na busca pela liberdade.
 
Aliás, este redator também interpretou Castro Alves: em 2010, no Instituto de Educação do Amazonas (IEA), o então adolescente declamou “Os Navios Negreiros” junto aos colegas do 1º ano, turma 4, do Ensino Médio.
 
Não basta se lembrar de seus mestres na Literatura, é possível “imitar” os poemas dos outros. Marcos Frederico aponta como exemplo o poema O caçador e a tapuia, presente nos Contos matutinos lançados pelo português Francisco Gomes de Amorim, em 1858, em cujos versos podemos imaginar um diálogo discretamente sensual entre uma moça tapuia e o homem branco. Torquato, por sua vez, apresenta-nos uma releitura controversa para os padrões morais de sua época: a mesma jovem tapuia sofre um abuso sexual e se transforma numa prostituta, lamentando que sua virgindade fora roubada.
 
Somente para os leigos:
Tapuia é como chamamos os povos indígenas que não falam o idioma tupi-guarani.
 
Em mais de 20 anos no caminho da poesia, o engenheiro Torquato Tapajós contou com a ajuda de Álvares de Azevedo (Noite na Taverna), Castro Alves (O Navio Negreiro), Gonçalves Dias (A Canção do Exílio), Almeida Garrett, Casimiro de Abreu (Meus Oito Anos) e do português Soares de os. Mas o organizador da coletânea resgatada dos Nevoeiros destaca a influência de Aprígio de Menezes sobre a poesia de Torquato. Afinal, quem é esse homem?
Marcos Frederico menciona o Dicionário Amazonense de biografias, escrito por Agnello Bittencourt, e nos dá esta resposta: nasceu em Salvador, capital da Bahia, formou-se em Doutor em Medicina no ano de 1867 e, imediatamente, veio para o Amazonas, onde exerceu mandatos de deputado sem ter sido oficialmente eleito, de acordo com Robério Braga (2021).
No quarto parágrafo deste texto, eu afirmei que Nevoeiros e Nuvens Medrosas foram escritos por Torquato Tapajós, sendo o último editado no Rio de Janeiro. Acrescento que ao chegar a Manaus, Aprígio publicou o livro Névoas Matutinas, possivelmente a obra pioneira em poesia no Amazonas. Assim, ao concluir os Nevoeiros, Torquato presta reverência ao seu “ídolo” com quatro páginas do “Meu Livro d’Alma” e uma troca de correspondências com seu amigo, Felisardo Joaquim da Silva Moraes.
Mesmo sem ser poeta ou literato, Torquato Tapajós corajosamente se abre para todas as manifestações de estima ou desconfiança, eternizando as dúvidas, alegrias, decepções, tristezas e inquietações que marcam sua transição da adolescência para a idade adulta. Ainda que condenado ao esquecimento, ele expõe pensamentos que servem como inspiração para os desafios da juventude na sociedade contemporânea.
 
FONTES DE PESQUISA:
ALEIXO, Marcos Frederico Krüger, org. Nevoeiros: primeiras poesias de Torquato Tapajós. 1. ed. Manaus: Reggo/Academia Amazonense de Letras, 2023.
BRAGA, Robério. Aprígio Martins de Menezes. Publicado em 15 ago. 2021. Disponível em:
https://roberiobraga.com.br/glossary/aprigio-martins-de-menezes/.
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