Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam um aumento expressivo no número de queimadas, especialmente na Amazônia e no Cerrado. Somente em agosto e setembro, os satélites identificaram mais de 30 mil focos de incêndio na Amazônia, representando um aumento de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior. No Pantanal, bioma que já havia sido gravemente afetado pelas queimadas em 2020, a situação voltou a se agravar, com grandes áreas de vegetação sendo destruídas. t232u
Esses incêndios, além de devastar a flora e a fauna, liberam uma grande quantidade de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. De acordo com o INPE, a Amazônia sozinha já emitiu, até o fim de setembro, mais de 60 milhões de toneladas de CO2, um número que reforça a preocupação com o papel do Brasil na luta contra a crise climática.
Impacto na Agricultura e na Saúde
A seca e as altas temperaturas também têm afetado significativamente a agricultura. Agricultores de várias regiões do Brasil relatam perdas expressivas nas colheitas de culturas essenciais para a economia nacional, como soja, milho e café. A escassez de água e o solo seco dificultam o desenvolvimento das plantas, resultando em menor produtividade e aumento dos custos de produção.
Além disso, o calor extremo e a fumaça das queimadas estão afetando diretamente a saúde pública. Hospitais em diversas capitais brasileiras registram um aumento nos atendimentos por problemas respiratórios, principalmente entre crianças e idosos. A fumaça, rica em partículas finas, prejudica a qualidade do ar e leva ao crescimento de doenças respiratórias como bronquite, asma e alergias.
O Desafio de Enfrentar as Queimadas
Apesar dos esforços do governo para intensificar o combate às queimadas, especialistas afirmam que são necessárias medidas de longo prazo. O desmatamento é um dos principais fatores que agravam a situação. “A destruição da Amazônia enfraquece o ciclo das chuvas, impactando o clima não apenas no Brasil, mas em todo o continente. Estamos vivendo uma tempestade perfeita de problemas ambientais”, alerta um especialista.
A Organização Mundial de Meteorologia (OMM) já advertiu que os próximos cinco anos podem ser os mais quentes da história, colocando o Brasil em uma posição de vulnerabilidade ambiental e econômica. Enquanto isso, a população continua a sofrer com as consequências de um clima cada vez mais imprevisível e severo.
A crise climática é um lembrete urgente da necessidade de ações coordenadas e decisivas, tanto no Brasil quanto em nível global, para mitigar seus efeitos e proteger os recursos naturais para as futuras gerações.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam um aumento expressivo no número de queimadas, especialmente na Amazônia e no Cerrado. Somente em agosto e setembro, os satélites identificaram mais de 30 mil focos de incêndio na Amazônia, representando um aumento de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior. No Pantanal, bioma que já havia sido gravemente afetado pelas queimadas em 2020, a situação voltou a se agravar, com grandes áreas de vegetação sendo destruídas.
Esses incêndios, além de devastar a flora e a fauna, liberam uma grande quantidade de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. De acordo com o INPE, a Amazônia sozinha já emitiu, até o fim de setembro, mais de 60 milhões de toneladas de CO2, um número que reforça a preocupação com o papel do Brasil na luta contra a crise climática.
Impacto na Agricultura e na Saúde
A seca e as altas temperaturas também têm afetado significativamente a agricultura. Agricultores de várias regiões do Brasil relatam perdas expressivas nas colheitas de culturas essenciais para a economia nacional, como soja, milho e café. A escassez de água e o solo seco dificultam o desenvolvimento das plantas, resultando em menor produtividade e aumento dos custos de produção.
Além disso, o calor extremo e a fumaça das queimadas estão afetando diretamente a saúde pública. Hospitais em diversas capitais brasileiras registram um aumento nos atendimentos por problemas respiratórios, principalmente entre crianças e idosos. A fumaça, rica em partículas finas, prejudica a qualidade do ar e leva ao crescimento de doenças respiratórias como bronquite, asma e alergias.
O Desafio de Enfrentar as Queimadas
Apesar dos esforços do governo para intensificar o combate às queimadas, especialistas afirmam que são necessárias medidas de longo prazo. O desmatamento é um dos principais fatores que agravam a situação. “A destruição da Amazônia enfraquece o ciclo das chuvas, impactando o clima não apenas no Brasil, mas em todo o continente. Estamos vivendo uma tempestade perfeita de problemas ambientais”, alerta um especialista.
A Organização Mundial de Meteorologia (OMM) já advertiu que os próximos cinco anos podem ser os mais quentes da história, colocando o Brasil em uma posição de vulnerabilidade ambiental e econômica. Enquanto isso, a população continua a sofrer com as consequências de um clima cada vez mais imprevisível e severo.
A crise climática é um lembrete urgente da necessidade de ações coordenadas e decisivas, tanto no Brasil quanto em nível global, para mitigar seus efeitos e proteger os recursos naturais para as futuras gerações.
*Matéria escrita por Gioavanna Cassador
A caatinga está ameaçada pelo fogo. O bioma brasileiro teve, na semana de 16 de outubro de 2023, um total de 14,8% dos focos de queimadas no Brasil. Foi um crescimento significativo em relação à semana de 09 de outubro, quando correspondeu a 6,9% dos focos. Mesmo sendo frequentemente retratada pela mídia como um local reduzido a secas constantes, a caatinga tem uma rica biodiversidade de flora e fauna. De acordo com informações do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), 33% da vegetação e 15% dos animais presentes no bioma são endêmicos de seu território. Em outubro deste ano, foi descoberta uma nova espécie de peixe na caatinga do Rio Grande do Norte: o Hypsolebias lulai, cujo nome homenageia o atual presidente Lula. Presente em poças e pequenos corpos d’água, o Hypsolebias lulai faz parte da família Rivulidae, chamada também de peixes-das-nuvens. A nova espécie é ameaçada pela atividade agrícola e pela presença da tilápia, peixe exótico que preda seus ovos e filhotes. Além das espécies raras, a caatinga também tem um papel fundamental para o equilíbrio do meio ambiente no Brasil, já que, segundo a Superintendência de istração do Meio Ambiente (SUDEMA), possui a capacidade de reter gás carbônico (CO2). Dessa forma, o bioma contribui para a redução do aquecimento global.
Em 2023, a caatinga foi o terceiro bioma com mais focos de queimada detectados pelo satélite Aqua, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Do total, 8,9% dos focos foram encontrados na caatinga, ficando atrás somente da Amazônia e do Cerrado. Em relação à 2022, a porcentagem de queimadas no bioma aumentou: era de 7,7% no ano anterior. Segundo a plataforma BDQueimadas, do INPE, os municípios com mais focos detectados foram Pilão Arcado; na Bahia, Floriano; no Piauí, e Campo Alegre de Lourdes; também na Bahia. Os dois estados possuem o maior número de municípios entre os 10 mais afetados pelas queimadas. Eles figuram ao lado de Pernambuco e Ceará. Na Bahia, regiões protegidas também foram afetadas pelas queimadas. A Área de Proteção Ambiental (APA) Dunas e Veredas foi a mais afetada, com 46, 2% dos focos entre todas as áreas monitoradas. A APA Lago de Sobradinho, cujo território se estende pela Bahia e por Pernambuco, teve 28,4% do total. Outras Unidades de Conservação com focos de queimada foram a APA Lagoa de Itaparica e a APA Marimbus/Iraquara, ambas localizadas em território baiano. Em algumas terras indígenas (TIs) da caatinga, focos de incêndios provocados foram detectados pelo satélite Aqua: 15 ao todo. As áreas afetadas foram as TIs Xukuru, Kapinawá e Fulni-ô; em Pernambuco, a Tapeba e a Taba dos Anacé; no Ceará, e a Kariri-Xocó, em Alagoas. O ambientalista Dionísio Carvalho explica que, caso as queimadas continuem nesse ritmo, a caatinga pode nunca voltar ao que era antes: “A caatinga é uma vegetação que só acontece no Brasil. É uma savana e existe a caatinga arbórea, herbácea e arbustiva. Danos de queimadas nela (caatinga) é muito complicado reverter e recuperar a área novamente. Ela provavelmente, quando queimada, vira um deserto, porque já é uma terra com menos recursos comparada a outros biomas. Por exemplo, menos animais do que a floresta da mata atlântica, menos folhas, menos galhos e é uma vegetação que dificilmente vai se recuperar ou que nunca mais vai se recuperar após queimada”. O ambientalista destaca os danos que queimadas e caçadores trouxeram para a biodiversidade da caatinga e acredita que a fiscalização deve aumentar para que a situação mude: “uma fiscalização e leis ainda mais rígidas devem ser feitas porque as pessoas vão deixar de morar na caatinga, inclusive, porque a caatinga está virando deserto”, finaliza.
O Major Dênio Marinho, diretor de fiscalização da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (SEMARH - PI), fala sobre o papel do órgão e sua ações no combate às queimadas: “A SEMARH, através da diretoria de fiscalização vem atuando no combate e prevenção às queimadas, nos biomas que o Piauí possui. Na caatinga não é diferente. Fazemos educação ambiental, treinamento de brigadas com a parceria do corpo de bombeiros e a fiscalização propriamente dita, através do corpo técnico de auditores, inclusive com engenheiros florestais e por vezes, quando necessários, solicitamos o apoio da delegacia de proteção ao meio ambiente”. Marinho esclarece que, enquanto a SEMARH atua no quesito istrativo, aplicando multas e embargos, a delegacia de polícia do meio ambiente lida com os crimes ambientais, realizando flagrantes e encaminhando para a delegacia. Em nota, a diretoria de fiscalização da SEMARH - PI aprofundou mais sobre como são feitas as ações de combate às queimadas: “Principalmente no segundo semestre de cada ano - período em que as queimadas se intensificam e são mais frequentes - a SEMARH, por meio da Diretoria de Fiscalização, fortalece o trabalho para o combate e prevenção de queimadas no Piauí, especialmente para proteger os biomas do nosso Estado. A pasta vem promovendo a educação ambiental nas comunidades da região da Caatinga, bem como treinamentos de brigadas parceiras com os municípios. Além disso, a pasta distribui frequentemente Equipamentos de Proteção Individual (EPI's) e equipamentos de e às brigadas, de modo que o trabalho em meio ao bioma seja realizado de forma adequada. Também são promovidas ações de repressão, por meio da aplicação de multas e embargos em casos de prática de incêndio florestal e/ou ilegal. Em situações em que se observa que há alguma prática criminosa, o trabalho é de competência da Delegacia de Polícia do Meio Ambiente (DPMA).”
Publicado em março, o relatório é validado e desenvolvido pelo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e mostra, em resumo, uma perspectiva a respeito da situação em que a Terra se encontra em relação ao aquecimento global e outras mudanças climáticas. Conforme aponta o documento, a temperatura do planeta aumentou para 1,1°C, acima dos níveis industriais, tal aquecimento já traz impactos sociais relacionados ao clima, além disso, caso não haja mudanças rápidas, não será possível manter a temperatura em 1,5°C, como foi proposto pelo Acordo de Paris.
O IPCC foi criado em 1988 com o objetivo de fornecer avaliações científicas e elaborar relatórios que tratam das mudanças climáticas, de maneira que sejam propostos meios para enfrentamento do problema no âmbito global. Segundo a advogada e especialista em direito ambiental, Dra Luiza Furiatti, o diagnóstico do último relatório foi no viés de que ainda é possível tomar medidas para dimunuir o processo das mudanças, embora não seja possível acabar de vez com o problema.
Os impactos no Brasil são sentidos de forma desigual pelas regiões devido a vulnerabilidade de alguns estados em relação a outros. Especialistas entendem que a extensão territorial do país dificulta análises mais precisas, como por exemplo na região norte, onde a população enfrenta de perto as queimadas na Amazônia. Furiatti destaca que qualquer impacto ambiental é sentido primeiramente pela população local e que é necessário a implementação de políticas públicas para dar dignidade para as pessoas: “A situação da Amazônia é bastante complexa, temos fatores sociais relevantes; fatores da falta de fiscalização; fatores de políticas públicas que precisam ser melhoradas como um todo, para a gente conseguir ter um desenvolvimento efetivamente sustentável na região."
Essas diferenças extrapolam as fronteiras do país, pois, tratam-se também de uma questão global, isto porque, historicamente, os países em desenvolvimento e de baixa renda foram os que geraram menos impacto global, ficando sob responsabilidade dos países mais ricos a maior parte das emissões prejudiciais lançadas na atmosfera. Por conta disso, hoje é defendido uma espécie de indenização como forma de auxiliar países mais pobres, e consequentemente, os mais atingidos, a se adaptarem aos impactos das mudanças climáticas, o assunto chegou a ser novamente discutido na COP 27 - Conferência climática da ONU - em 2022, onde foi criado um fundo para compensar "perdas e danos".
Ainda considerando o impacto de uma nação sob outra no desmonte ambiental, o projeto Willow proposto pelo governo dos EUA para exploração de petróleo e gás natural no Alasca, foi muito mal recebido; Furiatti entende que o projeto está indo na contramão das buscas pela da troca da matriz energética, que em si, já considera deixar de lado o próprio petróleo: “Não é possível a gente dimensionar quais impactos vai ter, mas com certeza terão impactos negativos, e a gente precisa ver se eles serão possíveis de serem ados ou não”, ressalta.
Furiatti considera ainda que a velocidade das mudanças para ação de enfrentamento esbarra na questão comportamental e cultural, o que impacta diretamente produção, matriz energética, custos, e outros processos: “Tudo isso não acontece na velocidade que a gente gostaria e que as mudanças do clima exigem”, diz. Levando esse ponto em consideração, entende-se os traços de urgência que o relatório e movimentos ambientais destacam, ao enfatizarem a necessidade de mudanças rápidas.
Essa demanda por agilidade para resolver a questão, ainda encontra no caminho problemas de comunicação e falsas notícias que negligenciam evidências climáticas e avaliação de especialistas: “A gente precisa combater as coisas com ciência, independente que a pessoa acredite ou não que essas alterações climáticas estão acontecendo por conta das ações humana, elas estão acontecendo”, destaca.
Por último, a advogada ainda ressalta que as mudanças climáticas são "o problema mais democrático do mundo”, isso porque, em certo tempo atingirá todas as nações, ricas e pobres, e adverte sobre a importância de se haver um comprometimento individual para enfrentamento.
Referências:
ALMEIDA, Arthur. Relatório aponta desafios e oportunidades para o Brasil na crise climática. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/um-so-planeta/noticia/2023/03/relatorio-aponta-desafios-e-oportunidades-para-o-brasil-na-crise-climatica.ghtml.
BARROS, Fernanda. Queimadas no Brasil: Amazônia e Cerrado concentram 95% da área destruída em 2022. Disponível em: https://labdicasjornalismo.informativocarioca.com/esg/queimadas-brasil-amazonia-cerrado-area-destruida-2022/.
BBC. Projeto Willow: o que prevê a polêmica exploração de petróleo no Alasca. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/03/17/projeto-willow-o-que-preve-a-polemica-exploracao-de-petroleo-no-alasca.ghtml.
CLIMAINFO. Relatório Síntese do IPCC (AR6). Disponível em: https://climainfo.org.br/2023/03/19/ipcc-cinco-verdades-sobre-a-crise-climatica/.
ECOA OUL. Willow: projeto americano gera alerta e pode acabar com o Alasca. Disponível em: https://labdicasjornalismo.informativocarioca.com/ecoa/ultimas-noticias/deutsche-welle/2023/03/15/willow-projeto-americano-gera-alerta-e-pode-acabar-com-o-alasca.htm.
IPCC. AR6 Synthesis Report. Climate Change 2023. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ar6/syr/.
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Acordo de Paris sobre o clima. Disponível em: https://labdicasjornalismo.informativocarioca.com/pt-br/88191-acordo-de-paris-sobre-o-clima.
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. COP27: o que você precisa saber sobre a Conferência do Clima da ONU. Disponível em: https://labdicasjornalismo.informativocarioca.com/pt-br/205789-cop27-o-que-voc%C3%AA-precisa-saber-sobre-confer%C3%AAncia-do-clima-da-onu.
NEVES, Ernesto. Novo relatório do IPCC afirma que aumento do nível do mar é inevitável. Disponível em: https://labdicasjornalismo.informativocarioca.com/agenda-verde/novo-relatorio-do-ipcc-afirma-que-aumento-do-nivel-do-mar-e-inevitavel/.
PAREJO, Luiz Carlos. Mudanças climáticas - Impacto do aquecimento global no Brasil. Disponível em: https://labdicasjornalismo.informativocarioca.com/disciplinas/geografia/mudancas-climaticas-impacto-do-aquecimento-global-no-brasil.htm.
PEIXOTO, Roberto. IPCC: ações urgentes contra mudanças climáticas ainda podem garantir ‘futuro habitável’ na Terra. Disponível em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2023/03/20/ipcc-acoes-urgentes-contra-mudancas-climaticas-ainda-podem-garantir-futuro-habitavel-na-terra.ghtml.
O Inpe - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - abriu edital para a compra de um novo supercomputador, o Monan. Com o uso de inteligência artificial, o aparelho deve ser capaz de prever a hora, localização e volume exatos da chuva no Brasil e na América do Sul. A previsão é de que a nova aquisição substitua o Tupã - atual aparelho utilizado pelo Instituto - até novembro de 2023.
Comprado há mais de 10 anos, o Tupã já sofria com a defasagem tecnológica e ausência de reparos. Segundo o geógrafo Antônio Sócrates Portela, o atraso na atualização do aparelho é parte do processo de sucateamento da estatal. “O Brasil não tem essa tradição em investimentos tecnológicos para desenvolvimento urbano”, completou Portela.
Com aparelhos ultraados para prever as alterações climáticas, o Brasil assistiu aos impactos da falta de investimento científico e tecnológico no que diz respeito à prevenção de desastres. As eternizadas “Águas de Março” que findam o verão e dão início ao outono brasileiro, há anos, têm sido sinônimo de fortes chuvas e desastres envolvendo alagamentos e deslizamentos de terra por todo o território nacional.
Causando acidentes e mortes ao redor do país, os temporais não vêm sendo previstos com exatidão e antecedência o suficiente há algum tempo. A expectativa dos especialistas do Inpe é diminuir os erros nas antecipações climáticas e minimizar os desastres. De acordo com a doutora em ecologia Luisa Viegas, o trabalho de minimização dos desastres não deve acontecer por meio dos aparelhos de previsão. Ainda segundo Viegas, "aparelhos são úteis para gerar dados informativos, os quais precisam ser aplicados em políticas públicas para promover a resiliência das cidades. São essas políticas que podem evitar desastres ou minimizar seus impactos".
Nas zonas periféricas das grandes metrópoles brasileiras, a chuva é sinônimo de perigo e noites sem dormir. Em Pernambuco, no ano de 2022, a Prefeitura do Recife registrou cerca de 3.828 pessoas desabrigadas e mais de 50 óbitos depois de um temporal que se tornou o maior desastre natural da história do estado.
O caso da cidade de Manaus mostra que as sequelas das chuvas continuam a se repetir de Norte a Sul do Brasil. Em situação de emergência, a capital amazonense registrou 8 mortes e mais de 100 chamados na Defesa Civil por conta dos deslizamentos de terra ocorridos em 12 de março deste ano.
]]>Até o final de março, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve julgar a aprovação do Projeto Willow, um grande empreendimento de exploração de petróleo proposto pela ConocoPhillips, que movimentaria bilhões de dólares no distrito de North Slope, dentro da Reserva Nacional de Petróleo do Alaska.
Descoberto em 2016, o petróleo da região pretende gerar, por meio do projeto, cerca de 600 milhões de barris de óleo. Porém, investimento ainda gera controvérsias em relação aos impactos ambientais causados pela atividade petroleira. Em North Slope, parte da população afirma que a aprovação geraria empregos e movimentação de renda por meio dos impostos, enquanto outros defendem que o modo de vida da região - que se sustenta da caça e da pesca - seria fortemente afetado pelas ações contra o ecossistema. Entre os possíveis danos, estão o vazamento de petróleo e o aumento exponencial do efeito estufa.
Entretanto, não só os moradores de North Slope se manifestaram em relação aos impactos ambientais da implementação do projeto. Nas redes sociais, mais de três milhões de s foram recolhidas na petição "Stop the Willow Project" ("pare o Projeto Willow", traduzido do inglês), do site Change.org, e milhares de vídeos e mensagens foram publicados contra a aprovação do projeto.
Os especialistas também defendem que o projeto não seria prejudicial apenas para o ecossistema local, mas para a crise climática como um todo. Segundo informações estimativas do próprio governo norte-americano, o investimento poderia gerar mais de 9 milhões de toneladas de carbono por ano. Números que assustam, principalmente levando em conta as metas climáticas apoiadas por Biden em relação ao Acordo de Paris.
Em fevereiro de 2021, Biden classificou as mudanças climáticas como uma pauta importante de seu governo: "Vamos combater as mudanças climáticas de uma maneira que nunca fizemos antes". Dois anos depois, em caso de uma possível aprovação, o presidente pode retroceder em relação às metas climáticas e promessas de campanha, nas quais afirmou acabar com novos empreendimentos de petróleo em terras públicas.
Atualmente, o governo do democrata busca encontrar pontos de concessão no projeto. A esperança é de que a redução de locais de perfuração ou limitar a capacidade produtiva do projeto possam diminuir as controvérsias e impactos ambientais da sua aprovação.
]]>Quando você ouve falar em Natal, cidade localizada na região nordeste do Brasil, o que te vem à cabeça primeiro? Natal é a cidade do sol! Da ginga com tapioca! Tem praias lindas! Ou ainda, a importância estratégica que a cidade teve durante a Segunda Guerra Mundial, quando serviu de base militar para os norte-americanos.
Todas as afirmações são verdadeiras, mas o que muitas pessoas não sabem é que Natal possui um importante espaço dedicado à preservação da natureza e estudo da cultura indígena, e questões socioambientais. Trata-se do sítio histórico e ecológico Gamboa do Jaguaribe, localizado no bairro da Redinha, zona norte de Natal.
O projeto foi idealizado por Iran Medeiros, que desde muito cedo frequentava a região onde se localiza a Gamboa e ficava irado com tanta vida e natureza ali cultivadas, só que tempos depois, ele viu que aquele bioma estava ameaçado tanto pela exploração imobiliária que destruía a mata ciliar, como pela prática da carcinicultura, que colocava em risco o manguezal e ao se deparar com tal situação, Iran decidiu comprar a área para preservá-la.
Gamboa significa ‘braço de rio’ e jaguaribe quer dizer ‘no rio do jaguar’. A Gamboa do Jaguaribe é um dos braços do Rio Potengi, que banha o bairro de Igapó, antigamente chamado de Aldeia Velha, que foi moradia dos índios potiguares, primeiros habitantes da cidade, inclusive o mais ilustre deles, Potiguassu, viveu lá.
Na Gamboa do Jaguaribe, o visitante tem a oportunidade de conhecer as ocas, habitações indígenas, que são usadas como instrumento pedagógico, onde ele não apenas ouve histórias sobre a cultura desse povo, mas vivencia experiências como estar no ambiente natural do índios, conhecer utensílios usados por eles, provar a sua culinária, ver como obtinham o alimento. É uma oportunidade única de conexão, ou melhor, reconexão com as nossas raízes. O sítio está localizado dentro da oitava Zona de Proteção Ambiental da cidade de Natal, a ZPA 8.
A oca Okagûasu é uma das seis bioconstruções que compõem o espaço da Gamboa do Jaguaribe.
(Foto: Reprodução/ G1 - Globo)
No espaço das Ocas também funciona o Cineoka, projeto que tem como objetivo a preservação cultural, através da exibição de filmes sobre as diversas tribos indígenas do RN e de outros estados, divulgando e fortalecendo a preservação dessas etnias. Dentro dessa programação também tem as rodas de peteca e exposição de artefatos produzidos na gamboa, como por exemplo o arco e flecha.
No sítio também é possível participar das oficinas de construção, onde o visitante aprende a confeccionar artefatos indígenas como peteca e maracá (instrumento musical de guerra).Também são realizados mutirões anuais para o plantio de árvores e mutirão de limpeza na área do mangue, estudo de línguas indígenas como o tupi e a variação tupi-guarani, e o que é muito interessante e uma forma de manter viva a cultura indígena, produzem um zine de circulação semanal com notícias internas e escritas na língua guarani.
Na Gamboa são servidas comidas típicas como tapioca, beiju, amendoim torrado e pipoca. O espaço onde esses alimentos são oferecidos chama-se ‘tembiu oca’, que em tupi guarani quer dizer, ‘casa da comida’ e na língua portuguesa seria o nosso conhecido restaurante.
Dentre a riqueza da flora do sítio, podemos citar plantas como mutamba, sucupira, timbaúba, pau-brasil, jucá, jurema, pitangua, entre tantas outras.O lago, que antes era um viveiro de camarão, foi tratado e nele inserida várias espécies nativas de peixes como piaba, traíra, pitu e mussum. Já o outro lago, também teve seu viveiro de camarão desativado, e foi reflorestado com a plantação de mangues. Além de todas essas atividades, o visitante ainda tem a oportunidade de fazer eco trilhas pela mata atlântica, tomar banho de rio, e ear de barco.
O sítio recebe escolas, professores, pesquisadores, moradores, turistas e quem tiver interesse em conhecer o espaço e somar para a sua preservação. Uma das prioridades da equipe, é manter viva a cultura dos grupos indígenas que ainda vivem no Rio Grande do Norte, e para tanto, eles têm a preocupação de divulgar durante a visita de grupos escolares, a Lei 11.645, de 10 de março de 2008, que torna obrigatório o estudo da história e cultura indígena afrobrasileira, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio.
Sítio histórico e ecológico Gamboa do Jaguaribe
Rua Portinho S/N - Bairro Redinha
Natal/RN
Brasil
Railda (84) 98838 0585
Ta'angahara (84) 99837 6368
O vídeo conheça a Gamboa do Jaguaribe, apresenta o sítio histórico e as suas riquezas, contadas por quem luta para que essa patrimônio ambiental e histórico tenha o devido valor.
(Reprodução: TodoNatalense - You Tube)
O Grupo de Pesquisa em Comunicação, Ciência e Meio Ambiente (Preserv-Ação) vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mída (PPgEM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCOM) da Universidade Federal do Pará (UFPA), acaba de lançar um banco de dados sobre o agronegócio brasileiro e sua relação com a mídia e à política nacional. O site já está disponível e pode ser ado pelo link https://grupopreservacao.com.br.
O site reúne um vasto banco de dados sobre projetos de leis relacionados ao agronegócio, produções acadêmicas e outros conteúdos de divulgação científica acerca da temática ambiental e da Amazônia.
Quem visitar o site poderá visualizar imagens, conteúdo humorístico e vídeos sobre campanhas que envolvem temas como agricultura e políticas públicas, além de consultar mais de 140 publicações de diversos segmentos de análise.
Além disso, o site apresenta resultados e dá prosseguimento à ampliação e à consolidação da base teórica, analítica e metodológica inerente às pesquisas que investigam a produção de sentidos no cotidiano a partir do discurso midiático na inter-relação entre comunicação, ciência e meio ambiente.
As principais atividades desenvolvidas pelos pesquisadores do Preserv-Ação são: produção de artigos científicos, peças radiofônicas, análise de dados e atividades relacionadas às áreas de interesse da pesquisa, leituras direcionadas, participação e organização de eventos científicos.
O projeto, que tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é coordenado pela professora Luciana Miranda do Departamento de Comunicação Social da UFRN. Ademais, através do site também é possível ar as redes sociais do grupo de pesquisa e conhecer melhor sobre as produções científicas de todos os membros que colaboram para os estudos do Preserv-Ação.
]]>“Se você é produtor e aumentou sua área de cultivo no período de 2006 a 2017, o desmatamento foi um subsídio para a aquisição das suas terras, mesmo que você não tenha derrubado uma só árvore.” - Instituto Escolhas
“O desmatamento continua sendo prática corrente para a expansão da fronteira agropecuária. E são os grandes produtores do agronegócio que se aproveitam da desvalorização das terras." - Jaqueline Ferreira, gerente de portfólio do Instituto Escolhas
“O desmatamento empobrece o país porque prejudica o comércio internacional, porque atrasa a mudança para modelos de produção mais sustentáveis. O estudo ajuda a mostrar que a floresta em pé pode ser um negócio melhor do que a floresta derrubada” - Márci0 Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima
“Desde o início do seu governo, Bolsonaro prometeu medidas que fragilizam as leis de proteção ambiental. Este decreto é mais um exemplo disso ao estimular a existência e as práticas de garimpo ilegal em áreas protegidas. Isso tudo terá um efeito devastador no vale tudo que virou a epidemia de garimpo na Amazônia”.
Apesar da fiscalização prometida pelo governo federal, através da criação de uma comissão interministerial, o que é visto hoje, na prática é uma vigilância aquém do ideal por parte do IBAMA e do Ministério do Meio Ambiente.“É criminoso esse novo decreto que, numa canetada, quer abrir ainda mais espaço para o garimpo, que faz uso descontrolado de mercúrio, promove impactos ambientais graves, coloca em risco rios, solo e territórios de povos tradicionais, e a saúde de toda uma população”, aponta a parlamentar.
]]>A partir do momento em que você tem perda de biodiversidade, você está impedindo que novas descobertas cientificas e de mercado aconteçam. Além disso, o impacto no regime de chuvas acontece em todo o território brasileiro provocando a redução da produtividade. Então tem um impacto econômico muito grande, além do impacto social, porque muitas pessoas vivem na floresta, e da floresta, esclarece.
O aumento do desmatamento em terra indígena e unidade de conservação demonstra o efeito de uma política contrária a esse tipo de conservação.
Se você tem um discurso que desqualifica a proteção ambiental e questiona as questões relacionadas as mudanças climáticas, que não pensa em floresta Amazônica como um potencial econômico que ele representa. Então esses dados refletem a prática e o discurso. O discurso em que não se valoriza a floresta e a prática que desqualifica os meios de controle desse desmatamento acrescenta.
Uma prática que vem de milénios e ando de geração em geração, o uso das plantas como folhas e raízes para tratamento e cura de algumas enfermidades continua em ciclo. A medicina avançou de forma surpreendente na saúde e na estética, e há quem diga que esses avanços só foram permitidos com o entendimento e sabedoria que foi adquirida no ado. Pode-se dizer que tudo começou na pré-história com os primatas, que consumiam algumas raízes por instinto. Registros antigos encontrados por arqueólogos comprovam que algumas ervas eram usadas como medicamentos, principalmente pelos povos orientais, que de uma única planta conseguiam absorver óleos essenciais, substâncias aromáticas e até venenos, que eles julgavam como expansores da mente.
Os gregos também são grandes contribuintes para a farmacologia. Intitulado como Pai da medicina, Hipocrátes escreveu em 400 a.C. uma obra que ficou conhecida como “Corpus Hipocraticum” onde falava sobre o poder de cura a partir dos vegetais, ressaltando a importância de uma alimentação natural que serviria como base para o tratamento de doenças. A forma de lidar com certos acontecimentos e usar as ervas como aliadas, não era tão bem-vistas em alguns casos, porque eram facilmente associadas a práticas de magias e rituais.
A China também possui um grande conhecimento em medicina tradicional/natural, há cerca de dois mil anos atrás foi publicado o primeiro livro de ervas medicinais, com aproximadamente 365 espécies de plantas diferentes, todas foram catalogadas com o intuito de perpetuar o ensino contínuo em relação a esse tipo de medicina. O curioso é que dentre essas espécies está a romã e o gengibre que foram considerados sagrados e empregados no combate de diversas moléstias. Também foram os chineses que fizeram a descoberta de 125 drogas que foram consideradas tóxicas em meio as plantas, fazendo com que o uso em excesso causasse a morte e pudesse gerar sequelas graves em que utilizou esse tipo de erva/raiz.
“Além disso, as lojas on-line devem registrar a maior taxa de crescimento – 11,6%”
“O uso crescente de material sustentável, considerando a crescente demanda pela redução da pegada de carbono, deve impulsionar a fabricação de calçados veganos no mundo todo”, reforça a FMI.
“Os millennials criaram a demografia mais lucrativa para o aumento das vendas de calçados veganos.”
Com a ausência do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil foi representado pelo vice-presidente da república, Hamilton Mourão, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Ao todo, a delegação brasileira contou com 475 membros, e foi a maior entre as demais presentes. Entre os convocados, ativistas indígenas e proprietários de iniciativas privadas também tiveram destaque no evento.
A crítica é que, enquanto os outros países aumentaram as suas porcentagens, o Brasil não aumentou. Entretanto, partimos de uma meta muito alta. Em 2015, os Estados Unidos apresentaram meta de 26%, nós apresentamos meta de 43% e a União Europeia, de 40%. — Lourival Sant’Anna, Analista Internacional da CNN
Os questionamentos realizados por parlamentares de outras nações não são as únicas preocupações recorrentes no Brasil quando o assunto é a preservação do meio ambiente. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de 01 de janeiro a 01 de dezembro de 2020, foram registrados 101.292 focos de queimadas no país — 16% a mais que no mesmo período de 2019. O ano registrou o segundo maior índice da década, perdendo apenas para 2010.
As consequências do descaso com o meio ambiente
Mesmo após a repercussão da perda de autoridade brasileira em conferências como a COP 26, o descaso com o meio ambiente ainda tem sido recorrente no país. Um exemplo é a autorização dos projetos aprovados pelo general Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da presidência, na última segunda-feira (06). Com sua decisão, Heleno autorizou o avanço de sete projetos de exploração de ouro em uma área preservada da Amazônia — floresta que, inclusive, foi pauta da convenção. A região, cujo garimpo deve beneficiar as empresas SF Paim e Amazonrios Navegações, faz fronteira com a Colômbia e Venezuela e abriga cerca de 23 etnias indígenas.
Devido às falhas na preservação da mata e ao descaso relacionado aos possíveis efeitos catastróficos das mudanças climáticas, a delegação brasileira esteve entre os países mais cobrados da conferência do clima. Como, conforme o site da Agência Brasil, México e Brasil foram os únicos membros do G20 que aumentaram a previsão de emissões de carbono em relação ao que antes prometiam reduzir até 2030, acredita-se que o país continuará sendo cobrado a dar uma resposta mais firme ao crescimento do desmatamento durante os próximos meses.
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Em entrevista ao Lab. Dicas de Jornalismo, a advogada e especialista em Direito Ambiental, Cristiana Nepomuceno, afirmou que os benefícios vindos da preservação da natureza em território brasileiro têm potencial para ultraar a esfera ambiental:
Para podermos alcançar um nível maior de desenvolvimento perante os outros países, nós devemos acordar, porque a questão ambiental hoje é uma questão inclusive de valor econômico. Se você souber tratar bem o seu país e preservar o meio ambiente, você pode lucrar com isso. — Cristiana Nepomuceno, Especialista em Direito Ambiental
Ainda segundo Cristiana, os países que participam de conferências como a COP e descumprem o que é estabelecido am a ser mal vistos pelos demais líderes mundiais. “Não existe uma lei mundial que obrigue todos os países a cumprirem aquilo que foi acordado em um evento diplomático como o ocorrido na Escócia. Isso acontece porque cada país tem sua soberania. Quer dizer, cada país tem sua independência. Então, os acordos feitos numa cooperação pressupõem o seguinte: todos aqueles países que estão presentes ali estão lutando juntos pela causa ambiental. Se o país que está lá descumpre o que é estabelecido, ele é mal visto.”, relembra a advogada.
Próximos os para a contenção da crise
Falas como a do embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, que afirmou, em entrevista divulgada BBC News Brasil, que o governo fez uma "reflexão cuidadosa" sobre sua política ambiental e resolveu "corrigir" rumos, não devem ser suficientes para a contenção das alterações climáticas no planeta. Buscando erradicar a possibilidade de uma crise climática ainda mais grave do que a vivida em 2021, a ONU (Organização das Nações Unidas) indica que os países invistam nas únicas medidas capazes de conter o colapso que está por vir: mais ações e menos palavras.
A partir de todas essas considerações, o Brasil tem até o final de 2022 para repensar suas políticas de proteção ao meio ambiente e garantir, portanto, o cumprimento das medidas propostas por seus representantes durante a COP 26.
O relatório político sobre os efeitos dos incêndios recorrentes na Amazônia brasileira foi apresentado no dia 5 deste mês durante a realização da 26 º Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26). O levantamento que originou o relatório, realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), alerta para a necessidade de contabilizar as emissões de carbono tardias advindas da vegetação que permanece viva após ser degradada por incêndios florestais. Isso porque nos inventários nacionais de emissão de gases de efeito estufa, ainda são consideradas apenas as emissões por desmatamento.
Segundo os realizadores da pesquisa, não contabilizar as emissões tardias pode resultar na superestimação do desempenho da Amazônia brasileira na absorção de CO² e comprometer o orçamento de carbono brasileiro. Em entrevista ao Poder360, a diretora de Ciência do IPAM e participante da pesquisa, Ane Alencar, relatou que os inventários atuais consideram as florestas da Amazônia tão saudáveis quanto eram no ano de 1500.
“A realidade é que as florestas queimadas aram a emitir mais carbono do que absorver gases estufa, principalmente devido ao fogo e das mudanças climáticas”, esclareceu.
Emissões ocultasFlorestas atingidas por incêndios armazenam 25% menos CO² que florestas preservadas do fogo e podem atuar como fontes emissoras de carbono por pelo menos 10 anos. É o que consta no relatório apresentado pelo IPAM (disponível na íntegra). A pesquisa aponta que, 215.577 km² da vegetação amazônica brasileira queimou pelo menos uma vez desde 1985 e cerca de 58% desta mesma vegetação queimou várias vezes nesse período. Até o ano de 2020, 49% da floresta afetada pelo fogo foi desmatada, restando cerca de 108.470 km² de floresta altamente degradada em decorrência de incêndios florestais.
Cerca de 20.969 km² das florestas degradadas se encontram em áreas de preservação e agem como fontes de emissão. Ainda assim, seguem sendo consideradas, com as demais áreas degradadas, como agentes ativas do processo de absorção de carbono. O resultado é um cálculo impreciso da real taxa de emissão de CO² que deve constar no orçamento de carbono a ser emitido anualmente pelo Brasil. Se contabilizadas junto ao desmatamento, as emissões de carbono ocasionadas pela degradação de florestas incendiadas representariam um aumento de 21% das emissões anuais de CO² no país.
“Essas florestas precisam de proteção especial para poderem ter a chance de recuperar sua capacidade de armazenar e absorver carbono. Enquanto as florestas degradadas estão se recuperando, elas não devem ser contabilizadas pela remoção de carbono”, diz o relatório.
“Mesmo com emissões de desmatamento baixas ou zero, ainda teremos emissões tardias da degradação florestal enviando mais CO² para a atmosfera do que absorvendo” conclui o relatório.
Ver essa foto no Instagram ]]>A aposentada Rita Teodora Firmino Miguel (77), é uma entre milhares de brasileiros que sofrem com os recorrentes aumentos no preço da energia elétrica no Brasil, decorrentes da crise hídrica que se instaurou no país: “Atualmente, com a luz muito cara, uma dona de casa tem que fazer a melhor economia para que não sofra fracasso na hora de pagar as suas contas” afirmou Rita.
Fatores climáticos e o uso irresponsável da água colocaram o Brasil em sua pior crise hídrica em 91 anos. As chuvas abaixo da média histórica estão sendo registradas desde 2019. Segundo a Agência Nacional de Água (ANA), diversos reservatórios registraram vazões baixas a extremamente baixas tanto há dois anos quanto no período chuvoso de 2020/2021.
Em decorrência da falta de água, o Governo Federal e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciaram no mês de agosto deste ano um aumento no preço da conta de luz. A alta veio através da criação da bandeira tarifária de escassez hídrica, que entrou em vigor no dia 1º de agosto e adicionou R$ 14,20 às faturas para cada 100 kw/h consumidos.
Cooperativa Habitacional adota medidas para amenizar impactos da crise
Dentro desta questão, o debate sobre a sustentabilidade na construção civil ou a ser intensificado como um dos fatores que pode interferir e ajudar a reverter a situação que afeta a todos os brasileiros. O uso de fontes alternativas, controle de consumo e redução da demanda de água entram na pauta para o setor em tempos de crise.
“Mais do que nunca é essencial explorar alternativas mais responsáveis. O que antes era diferencial para empreendimentos de ponta agora é uma necessidade”, observa Carlos Massini, presidente da CICOM, Cooperativa Habitacional que atua principalmente no estado de São Paulo.
A CICOM oferece aos cooperados, em todos os empreendimentos que está construindo, alternativas responsáveis de uso e reuso da água, implementadas desde a construção dos empreendimentos até o reaproveitamento interno. Todos os imóveis garantem rede de abastecimento de água tratada e sistema adequado de coleta e tratamento de esgoto
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Carlos Massini reforça que o engajamento em projetos que buscam reduzir os impactos ambientais está presente na Cooperativa desde a sua concepção, visando o interesse e o bem-estar da comunidade e do meio ambiente. Ele também destaca que diferente do que se possa imaginar, a inclusão de atitudes responsáveis e sustentáveis não interfere no valor final dos imóveis da CICOM.
Planejamento de gestão urbana é um fator importante
Outra questão levantada pelo presidente da Cooperativa em relação a práticas sustentáveis pela construção civil é o planejamento de gerenciamento urbana, que segundo ele, faz a diferença e consegue reduzir os impactos nocivos ao meio ambiente.
“Um exemplo desse planejamento são as cidades inteligentes, que promovem o crescimento econômico enquanto oferecem mais qualidade de vida ao cidadão. Tudo isso é possível quando existe um propósito sustentável focado, principalmente em iniciativas voltadas para o meio ambiente”, finaliza.
Algumas das características essenciais das cidades inteligentes é a capacidade de criar, com o uso da tecnologia, uma infraestrutura sustentável, oferecendo, por exemplo, a despoluição de rios através de recursos biotecnológicos.
Barcelona, na Espanha, é um dos modelos de cidades inteligentes ao nível mundial. A capital da Catalunha tem investido no gerenciamento de resíduos através de escotilhas espalhadas por suas ruas, que recolhem os lixos de hora em hora durante toda a semana. Esse material viaja até 70 km/h em uma tubulação que fica a 5 metros da superfície. Ao chegar no centro de coleta, o lixo é separado entre material reciclável e orgânico. Esse último, é transformado em combustível para gerar eletricidade para a cidade.