{ "@context": "https://schema.org", "@graph": [ { "@type" : "Organization", "@id": "/#Organization", "name": "Lab Dicas Jornalismo", "url": "/", "logo": "/images/1731419915.png", "sameAs": ["https:\/\/facebook.com\/dicasjornalismo","https:\/\/instagram.com\/dicasdejornalismo","https:\/\/twitter.com\/dicasjornalismo"] }, { "@type": "BreadcrumbList", "@id": "/#Breadcrumb", "itemListElement": [ { "@type": "ListItem", "position": 1, "name": "Lab Dicas Jornalismo", "item": "/" }, { "@type": "ListItem", "position": 2, "name": "Cultura", "item": "/ver-noticia/30/cultura" }, { "@type": "ListItem", "position": 3, "name": "MET Gala | O Oscar da Moda e seu impacto cultural" } ] }, { "@type" : "Website", "@id": "/noticia/14891/met-gala-o-oscar-da-moda-e-seu-impacto-cultural#Website", "name" : "MET Gala | O Oscar da Moda e seu impacto cultural", "description": "Como o MET Gala começou e por que se tornou o baile mais importante da cultura pop", "image" : "/images/noticias/14891/12052025000354__(.jpg", "url" : "/noticia/14891/met-gala-o-oscar-da-moda-e-seu-impacto-cultural" }, { "@type": "NewsMediaOrganization", "@id": "/noticia/14891/met-gala-o-oscar-da-moda-e-seu-impacto-cultural#NewsMediaOrganization", "name": "Lab Dicas Jornalismo", "alternateName": "Lab Dicas Jornalismo", "url": "/", "logo": "/images/ck/files/lab600.jpg", "sameAs": ["https:\/\/facebook.com\/dicasjornalismo","https:\/\/instagram.com\/dicasdejornalismo","https:\/\/twitter.com\/dicasjornalismo"] }, { "@type": "NewsArticle", "@id": "/noticia/14891/met-gala-o-oscar-da-moda-e-seu-impacto-cultural#NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "WebPage", "@id": "/noticia/14891/met-gala-o-oscar-da-moda-e-seu-impacto-cultural" }, "headline": "MET Gala | O Oscar da Moda e seu impacto cultural", "description": "Como o MET Gala começou e por que se tornou o baile mais importante da cultura pop", "image": ["/images/noticias/14891/12052025000354__(.jpg"], "datePublished": "2025-05-11T21:45:00-03:00", "dateModified": "2025-05-11T21:45:00-03:00", "author": { "@type": "Person", "name": "labdicasjornalismo.informativocarioca.com", "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "@id": "/#Organization", "name": "Lab Dicas Jornalismo", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/images/ck/files/lab600.jpg", "width": 600, "height": 600 } } } ] }
A primeira segunda-feira de maio faz com que todas as pessoas do mundo voltem seus olhos para uma escadaria. Com direito a tapete “vermelho”, uma multidão de fotógrafos e estrelas de Hollywood, essa data marca o evento que ficou conhecido como o Oscar da moda. O MET Gala, que acontece todo ano no Metropolitan Museum of Art, procura angariar fundos para o Costume Institute, área do museu que tem um dos maiores acervos de moda do mundo.
Longe de ser um evento como o Oscar, O Globo de Ouro e o Super Bowl, no baile, o foco são as roupas. Sendo muitas vezes mais valorizado que as semanas de moda, pois uma aparição no Met pode alavancar nomes tanto de estilistas como de celebridades. Da mesma forma o evento se tornou um marco cultural e representativo, não só para a história da moda, mas também para resgatar movimentos sociais que impactaram a história, como a moda punk, ou o camp, bem como estéticas culturais riquíssimas como o tema deste ano, Superfine: Tailoring black style, que buscava homenagear a cultura preta e de resistência das comunidades americanas.
Como começou?
Na década de 20, a produtora de teatro Irene Lewinsohn e a designer de palco, Aline Bernstein, decidiram começar uma coleção de figurinos de teatro que serviria como uma forma de auxílio para os profissionais da área. Com o ar dos anos, esse acervo foi aumentando, e no ano de 1946 a coleção já contava com mais de 8000 itens, e no mesmo ano ela ou a integrar o Metropolitan Museum of Art de Nova York.
Com a chegada dessa coleção, foi criado o Costume Institute, um espaço de acervo do museu voltado exclusivamente para a área de moda e de preservar peças de roupa que impactaram na história da moda. Segundo o próprio instituto, eles contam atualmente com mais de 33 mil peças de roupa e órios, que remontam há sete séculos de trajes e órios femininos, masculinos e até infantis, desde o século quinze até os dias atuais.
Dois anos depois, em 1948, a relações-públicas Eleanor Lambert, responsável pela criação da NYFW, da lista internacional de mais bem-vestidos e do CFDA. Foi responsável também por idealizar o primeiro baile do MET, chamado na época de Costume Institute Benefit, com o intuito de arrecadar fundos para essa nova área do museu e ajudar a sustentar as operações do departamento, já que o museu não conseguia mantê-lo sozinho.
Ao contrário do que ocorre atualmente, a festa ocorria em dezembro à meia-noite e não ocorria no museu, sendo um baile itinerante já realizado desde o Central Park ao Rainbow Room. Lambert usou sua extensa lista de convidados, que incluía a nata da sociedade de Manhattan, e os convites para a festa custam menos de 50 dólares. Hoje, um convite individual para o baile pode chegar a custar 50 mil dólares, já a reserva de mesas, geralmente feita pelas grandes marcas, pode chegar a 300 mil dólares.
A festa como conhecemos hoje começou a ser realizada somente em 1973, com a chegada da lendária editora de moda Diana Vreeland, que tinha recém-saído do cargo de editora chefe da Vogue US. Responsável por grandes mudanças na estrutura do baile, foi ela que levou o baile para dentro do Metropolitan Museum e começou a servir de chamariz para a exposição temporária que tinha a curadoria dela mesma, como mais uma forma de arrecadação. Ela foi a responsável pelos famosos temas do baile do Met que conversam com o tema das exposições, além de adicionar na lista de convidados artistas, políticos e celebridades, tudo para popularizar o evento.
Vreeland também foi responsável por instaurar a tradição dos co-hosts, sendo que uma das primeiras a receber essa função foi Jackie Kennedy, papel que já foi desempenhado por grandes nomes. Com Diana, a organização era coisa séria, o tema era levado à risca, desde a decoração temática até o perfume do local era alterado.
Com a morte de Diana, o baile ou a ser organizado pela socialite Pat Buckley e ou por alguns anos bem parados. Até a chegada da sucessora de Diana, outra icônica editora chefe da Vogue US, Anna Wintour. Em 1995, ela assumiu a produção do evento e foi responsável pela mudança da data da festa. O primeiro baile a ocorrer na nova data foi a edição de 2001. Desde que chegou à posição, Wintour já angariou mais de 50 milhões de dólares para o museu. Seu grande trunfo foi unir o glamour da Vogue com a tradição da festa.
Os temas marcantes
Os temas do evento estão ligados ao tema da exposição atual do Costume institute. O atual curador das exposições é Andrew Bolton, que assumiu o cargo em 2002 e desde então quebrou recordes de público com exposições bem elaboradas que abordam os mais diversos temas. Desde estilistas renomados a culturas de outros países. De acordo com Bolton, sua principal proposta é variar os assuntos e experimentar um olhar novo sobre alguns temas que aproximem o grande público da moda.
Os temas do baile são o ponto-chave para quem espera para acompanhar os famosos que sobem a escadaria do Metropolitan. A lista de temas varia desde mono temas que celebram designers como Dior e Alexander McQueen, até conceitos do mundo da moda como o Camp, o movimento cultural Punk, o Surrealismo, até a arte religiosa já foram tema do evento. Sempre que é anunciado o tema do próximo baile, é comum que os apaixonados pelo evento procurem compreender do que se trata o tema da exposição e o dress code da noite para observar dentre os convidados quem estava ou não no tema.
Um baile como esse já tem seu espaço garantido entre os fãs de moda, por isso o apelido de Oscar da moda. Entretanto, alguns dos temas foram muito marcantes e entraram para a história da moda:
Heavenly Bodies: Fashion and the Catholic Imagination (2018)
Um dos bailes mais comentados da última década, teve um verdadeiro desfile de momentos marcantes. O tema utilizava imagens religiosas, principalmente o Catolicismo, para explorar sua estética do ponto de vista da moda. Dentre os looks mais marcantes estão Rihanna usando um vestido John Galliano que fazia referência ao Papa, Zendaya, com um vestido-armadura da Versace que remetia à Joana d’Arc; e Ariana Grande, com um vestido que remete ao afresco do juízo final pintado na Capela Sistina. Para a decoração do salão de baile, foi utilizada uma grande coroa que lembra a utilizada pelos Papas, no meio do salão.
China: Through the Looking Glass (2015)
Quando se fala desse tema, os fãs de moda provavelmente vão se lembrar de Rihanna usando uma criação amarelo-gema assinada por Guo Pei, um estilista chinês pouco conhecido no ocidente. O baile também foi tema para o documentário “The First Monday in May”, dirigido por Andrew Rossi, que mostra o trabalho de Andrew Bolton em realizar a curadoria da exposição e organizar o baile. Contando com a aparição de grandes figuras do nome da moda, o documentário ressalta a importância do MET como uma forma de resgatar elementos culturais e temas que merecem ser observados através do olhar da moda.
Camp: Notes on Fashion (2019)
O MET de 2019 propôs para os convidados que representaram o Camp da melhor forma, e acabou se tornando um dos tapetes mais comentados do evento, sendo lembrado nas redes sociais até hoje. O tema foi inspirado no ensaio Notes on Camp, da escritora Susan Sontag, de 1964. E tinha como proposta discutir como a origem da estética Camp e como ela evoluiu de um lugar de marginalidade para ser uma grande influência cultural. Um dos looks mais marcantes foi a interpretação literal feita por Lady Gaga, que trocou de roupa quatro vezes durante o tapete, usando peças assinadas pelo estilista Brandon Maxwell.
Looks iconicos
Nem todos os temas do MET ficaram marcados na história, mas alguns looks conquistaram seu espaço por serem muito marcantes, e polêmicos às vezes.
Cher (1974)
Uma das grandes divas da música, era uma presença comum nos bailes do MET. Como sempre esteve muito ligada ao cenário da moda, era de se esperar que tivesse um look icônico em suas aparições na festa. O tema do ano era Romantic and glamorous Hollywood design, o nude Dress adornado por cristais e plumas, assinado por Bob Mackie, entrou para a lista dos mais icônicos do baile.
Princessa Diana (1995)
A princesa de Gales fez uma única aparição no baile do MET. Recém divorciada do então príncipe Charles, Diana compareceu usando uma peça que inspiraria outras até hoje, em um slip dress criado por John Galliano para a Christian Dior. A primeira missão do designer, que havia acabado de deixar a Givenchy para assumir a direção criativa da Dior, cujo fundador era o tema da noite.
Além de ser o centro das atenções e dos fotógrafos da noite, Diana ainda modificou a peça sem avisar ao estilista, deixando de usar o corpete que compunha o vestido, e subiu a escadaria para entrar para a história do MET
Alexander McQueen e Sarah Jessica Parker (2006)
Com o tema do ano sendo “Anglomania”, Sarah Jessica Parker foi uma das co-anfitriãs da noite ao lado de Alexander McQueen e chegou ao MET com o estilista, se tornando um dos looks mais icônicos do Met.
Met Gala de 2025 e a cultura preta
O tema da exposição desse ano foi “Superfine: Tailoring Black Style”. Teve como base o livro “Slaves to Fashion: Black Dandyism and the Styling of Black Diasporic Identity” de Monica L. Miller, que foi curadora convidada da exposição. O livro discute o cotexto histórico e cultural do Dandismo Negro, sendo conceituado como algo “inicialmente imposto aos homens negros do século XVIII, quando o comércio de escravos no Atlântico e uma cultura emergente de consumismo criaram uma tendência de servos elegantemente vestidos”.
Segundo Miller, “o dândi negro atravessa fronteiras de raça, classe e gênero, permitindo que as roupas criem uma brecha da liberdade através da ambiguidade.” Ou seja, o dandismo negro servia como uma ferramenta para reimaginar a si em um contexto diferente do que a população negra e marginalizada vivia na década de 20. O objetivo da exposição é mostrar como essa estética saiu de escravizados e estilizados como itens de luxo, adquiridos como qualquer outro símbolo de riqueza e condição, para uma forma de expressar individualidade e autonomia, se tornando uma criadora de tendências globais.
Andrew Bolton disse que, ao perceber a precariedade de artigos e peças de criadores negros no acervo, resolveu adquirir mais alguns e produzir essa exposição. Sendo somente o segundo tema voltado para a moda masculina, mais de duas décadas depois do primeiro tema. Bolton disse ainda “que os homens negros e os designers negros estão na vanguarda deste novo renascimento da moda masculina.”
Se relacionando diretamente com o tema, o Dress code da noite foi “Tailored For You”. Ou seja, tivemos muitas peças inspiradas em alfaiataria, ternos principalmente, porém houve quem buscasse ainda mais inspiração no tema da exposição e realizou uma homenagem à cultura negra. Um dos co-anfitriões da noite, o cantor e desiniger da Louis Vitton Pharrell Williams, disse o que esperava da noite: “Quero que pareça uma noite de poder mais épica, um reflexo de resiliência negra em um mundo que continua a ser colonizado”. Ele e seus outros anfitriões, o rapper A$AP Rocky, o piloto de F1 Lewis Hamilton e o ator Colman Domingo, conseguiram o que esperavam, a noite foi épica e com looks que deixaram as redes sociais impactadas.
Um dos mais comentados da noite coincidentemente foi um dos primeiros a chegar, a atriz e cantora Teyana Taylor chegou cedo ao tapete, que esse ano era azul, com um custom Ruth Carter e sapatos Marc Jacobs. Com um look vermelho com elementos como o durag que compunha uma capa e uma bengala, ela homenageou a evolução da moda negra e entrou para a lista de looks icônicos do baile do Met.
Sempre tem alguém que surpreende o mundo de uma forma que ninguém esperava, ou seja, um look perfeitamente no tema que não foi usado por uma celebridade. Nessa edição, esse posto foi para o influenciador Khaby Lame, famoso apenas por um levantar de ombros nas redes sociais. Lame chegou ao baile com um terno BOSS que homenageava diretamente os dândis negros, além dos relógios que serviram para representar a agem do tempo.
O MET Gala já é um evento marcado na agenda de qualquer fã de moda e das pessoas em geral. Sendo assim, a missão de suas fundadoras e das organizadoras foi, sim, lembrada e cumprida, além de o baile ter ultraado sua função original de arrecadar fundos e ter se tornado uma porta para expressar sua cultura, individualidade e força, reforçando o papel da moda através das eras.