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Sábado, 17 de agosto de 2024. Por incrível que pareça, foi um dia de trabalho. Eu estava no escritório comercial da faculdade onde trabalho, acompanhado de duas moças.
O monitor de parede estava sintonizado na TV Globo, onde era transmitido o programa semanal "É de Casa". Por volta de 9h, horário de Manaus, minhas companheiras de trabalho ficaram espantadas e desesperadas ao ouvir esta notícia: a morte do carismático Silvio Santos. Segundo a jornalista Zileide Silva, o apresentador estava no Hospital Albert Einstein, internado com o vírus Influenza, pegou uma infecção nos pulmões e, aos 93 anos, não resistiu.
Mesmo com a histórica luta por audiência, principalmente no horário nobre, o que prevalece nos bastidores é a cooperação e a empatia. Ao contrário das concorrentes, que surgiram de rádios, jornais e revistas, como a própria Globo, o SBT, outrora TVS, é a extensão do Programa Silvio Santos, que há mais de 60 anos tem sido uma importante vitrine da cultura popular, a maior em horas de duração.
Com a morte de seus fundadores, as grandes emissoras devem obedecer às diretrizes originais e, ao mesmo tempo, adaptar-se às novas demandas do mercado da comunicação. Caso contrário, podem perder o rumo e sumir das telas, mas não da memória afetiva das pessoas.
Em “ritmo de festa que balança o coração”, esta crônica dará destaque ao homem que deixou todos os nossos domingos mais coloridos.
É domingo! É alegria! Silvio Santos vem aí...
Ao som dessa música simples e bastante animada, as mulheres que ocupam todos os assentos do auditório, com pompons para o alto, preparam-se para ar o dia todo ao lado do homem de sorriso largo, comunicador por excelência. Em casa, a família tomada pela mesma euforia se reúne na frente da TV para mais um dia de alegria infinita.
"O sorriso é a melhor arma para inspirar confiança. O homem que sorri é uma pessoa confiante e de quem toda gente gosta" (Silvio Santos).
Assim era a vida do Silvio: até as dificuldades eram motivos para que ele continuasse a sorrir. A propósito, ele contou sua história com exclusividade para o saudoso jornalista Arlindo Silva, autor do livro-reportagem A fantástica história de Silvio Santos.
Arlindo era repórter de O Cruzeiro, a revista mais importante da América Latina à época, e teve uma breve decepção: o Silvio evitava contato com a imprensa. Mas, no palco, ele pôde se aproximar do comandante dos domingos e seus dois aliados: Gonçalo Roque, o homem das caravanas, e o locutor Luiz Lombardi, que não era reconhecido a não ser pela própria voz, quando era chamado assim: “É você, Lombardi!”
Vou tentar resumir essa história, para depois contar a minha experiência dentro da televisão.
A origem da constante alegria
Nascido no Rio de Janeiro, à 0h15 do dia 12 de dezembro de 1930, Silvio Santos veio de uma família muito próspera nas finanças, advinda da diáspora judaica. Por isso, ao nascer, recebeu outro nome: Senor Abravanel, o mesmo nome de um de seus netos. Aos 14 anos, saiu de casa, no bairro da Lapa, e aprendeu a ser profissional nas ruas. Junto a seu irmão, Leon, vendia canetas e capas para título eleitoral, conquistando clientes não só falando, como também fazendo truques de mágica. Eles trabalhavam só 45 minutos por dia, enquanto os guardas almoçavam.
Um dia, no meio do temido “rapa”, o então chefe da fiscalização municipal abordou o jovem camelô, elogiou seu bom discurso e o encaminhou para a Rádio Guanabara. O rapaz aceitou a proposta, participou de um concurso, ou em primeiro lugar e foi contratado. Mas, ao descobrir que não ganharia o suficiente, saiu da emissora depois de um mês e voltou para as ruas, onde lucrava mais todos os dias.
Entre a música nos barcos e o Baú da Felicidade: Silvio Santos conquista autonomia
Aos 18 anos, enquanto servia ao Exército na Escola de Paraquedistas, Senor começou a trabalhar aos domingos como voluntário nas rádios Mauá, Tupi e Continental, de Niterói. De repente, cismou de colocar música nos barcos para deixar as viagens mais animadas. Começou a fazer propagandas, contratou mais locutores, abriu um bar, colocou um bingo e se tornou corretor de anúncios.
Em 1954, a convite de um amigo, diretor da Antarctica, Silvio viajou para São Paulo e foi convidado para mais um teste, desta vez na Rádio Nacional. ou e foi contratado para três meses de estágio. Com aquele barco de volta ao estaleiro, transferiu o bar e chamou um sócio. Não deu certo.
Então, lançou uma revistinha de atempos para ser vendida aos donos de casas comerciais, começou a fazer shows em circos e comícios políticos, interagindo com o povo. Nessa época, por ficar muito envergonhado, foi apelidado de “O Peru que Fala”. Foi assim que ele se tornou um empresário próspero, audacioso e resiliente.
O Baú da Felicidade surgiu do nada, como fruto de trambique
Sempre associada à pessoa do Silvio Santos, a empresa na verdade foi fundada pelo radialista e escritor Manuel de Nóbrega, em parceria com um alemão cuja identidade nunca foi descrita. A ideia era distribuir cestas de brinquedos aos clientes depois que as prestações mensais fossem quitadas durante um ano.
Acontece que o Homem da Praça, antecessor de Carlos Alberto de Nóbrega, foi enganado por esse alemão, e assim os fregueses ficaram sem os prêmios. Foi então que Silvio Santos, como empresário, entrou em ação: ao descobrir que o escritório ficava em um porão, às escondidas, e que o tal Baú parecia urna de cemitério, mandou embora o gringo trapaceiro e reformou o ambiente.
Fechou contrato com outras empresas e ou a vender não só brinquedos, como também louças, utilidades domésticas, casas próprias e automóveis, aplicando a estratégia do crediário em carnê. Além disso, aproveitou todo o seu portfólio e promoveu sorteios para premiar os clientes pontuais do Baú. Ao descobrir tal façanha, Manuel se desfez do negócio, mas manteve amizade com o Silvio e o encaminhou para a televisão.
O Baú da Felicidade segue ativo nos dias de hoje, graças à parceria com outra empresa criada por Silvio Santos e fidelíssima anunciante do SBT: a Jequiti Cosméticos, famosa por oferecer os “perfumes das estrelas”.
Programa Silvio Santos: a vitrine da cultura popular
O SBT é a mais conhecida empresa do Grupo Silvio Santos. Durante muitos anos, disputou com a Rede Globo a preferência popular, seja no horário nobre ou nos domingos. Essa briga é uma estratégia bem-humorada de marketing, o que fortalece ainda mais o perfil da emissora, baseado em programas de auditório e variedades.
No entanto, o Programa Silvio Santos é muito mais antigo e, antes do SBT, foi uma das primeiras iniciativas de produção independente na TV. Eu explico.
Silvio ingressou na TV Paulista, em 1961, com o programa Vamos brincar de forca. Mas o ponto de partida do Programa Silvio Santos é obviamente um domingo, 2 de junho de 1963, quando comprou a faixa das 12h às 14h. A princípio, seria para anunciar os produtos do Baú da Felicidade.
A combinação de números musicais, jogos, brincadeiras com o auditório e sorteios com distribuição de prêmios foi um sucesso imediato. Por isso, quando a recém-criada TV Globo comprou o Canal 5 paulistano, em 1966, e evoluiu para rede nacional, em 1969, a audiência aumentou pra valer e, assim, Silvio começou a preencher tardes inteiras de domingo.
Acontece que, no início da década de 1970, Boni e Walter Clark adotariam o famoso “Padrão Globo de Qualidade”, que acabou por não contemplar o Programa Silvio Santos por este ser produção independente. Mesmo assim, recebeu mais uma chance e ficou na Globo até 1976. Ao mesmo tempo, aquele negócio de venda de comerciais que não fossem do Baú da Felicidade evoluiu para uma verdadeira infraestrutura de televisão, localizada onde eram os estúdios da extinta TV Excelsior e que, mais tarde, seria a primeira sede do SBT.
TV Studios Silvio Santos: o início de um sonho colorido
Incentivado pelo amigo Manuel de Nóbrega, Silvio comprou 50% das ações da TV Record de São Paulo e, finalmente, realizou o sonho de ser dono de uma emissora de televisão ao receber do Governo Federal a concessão do Canal 11 do Rio de Janeiro, em 1975.
O próprio Silvio nos conta como foi essa vitória para os artistas e o povo brasileiro:
Em julho de 1980, envolvidas em severa crise financeira, a TV Tupi e as suas emissoras associadas foram extintas por decisão do então presidente, o general João Figueiredo. Mais uma oportunidade para Silvio Santos expandir o sinal da TVS em todo o Brasil: em 1981, ele ganhou a concessão do Canal 9 do Rio de Janeiro, do Canal 5 de Belém e Porto Alegre e, claro, do Canal 4 de São Paulo.
O que outrora eram a Continental no Rio, a Piratini no Rio Grande do Sul, a Marajoara no Pará e a Tupi de São Paulo se uniram à TVS do Rio e formaram o SBT, Sistema Brasileiro de Televisão.
Vem aí, o vice-campeão de audiência
Esse trocadilho representa que a briga entre o SBT e a Globo pelos números do IBOPE sempre foi descontraída. Mas repito o que escrevi ao iniciar esta crônica: nos bastidores, Silvio Santos sempre tratou Boni e Roberto Marinho com cavalheirismo e compaixão.
Ao contrário de uma Globo muito metódica, o SBT não é exatamente uma rede nacional como quaisquer outras, pois dá mais liberdade para que as afiliadas produzam seu próprio conteúdo, destacando a identidade local e regional.
A programação inicial de 12 horas trouxe conteúdos diversos para as classes menos abastadas. Além de filmes, seriados e longas-metragens comuns para a concorrência, os programas de auditório e variedades foram renovados com a estrutura da antiga Tupi e profissionais vindos de outras emissoras.
Ao longo da história, Silvio incorporou cenários, vinhetas, formatos e logomarcas de emissoras da América Latina, dos Estados Unidos e da Europa, a fim de enriquecer e aprimorar a grade do SBT e sintonizá-la com as transformações do mercado da comunicação, sempre mantendo o contato com os amigos de casa.
Eu aprecio o vídeo que vem a seguir, pois mostra não só a evolução das vinhetas do SBT, embora importadas de outras nações, como também a renovação do seu compromisso com a população brasileira.
O dia em que Silvio Santos visitou a TV Norte, em Manaus
Seduzido por uma publicação no Instagram, senti o desejo de saber como é feito um programa de auditório ao vivo. Quem me conhece, sabe que sempre fui apaixonado por televisão. Já fui entrevistado por alguns repórteres, já cumprimentei alguns apresentadores fora de estúdio. Mas minha primeira visita a uma emissora local de televisão seria… no Dia de Finados!
“Ah, não! Mas logo esse dia">São as filhas do Silvio, da Cidinha e da Íris que agora tocam este barco tão animado e colorido que é o SBT.