Recentemente, chegou aos cinemas de todo o Brasil o filme Ainda Estou Aqui, cotado como um forte representante para disputar uma vaga no Oscar. O longa aborda o período da ditadura militar e retrata a história de Eunice Paiva e Rubens Paiva. Na obra, Eunice é interpretada por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, enquanto Selton Mello dá vida a Rubens Paiva. O elenco também conta com Valentina Herszage, Luiza Kosovski, Antonio Saboia, Bárbara Luz, entre outros.
O filme, se tornou um dos destaques do cinema nacional esse ano e, foi indicado em duas categorias do Globo de Ouro. Dirigido por Walter Salles, a obra é baseada no livro de mesmo nome, do escritor Marcelo Rubens Paiva, publicado em 2015. O filme narra os momentos de tensão vividos pela família Paiva, durante a ditadura militar no Brasil.
Marcelo Rubens Paiva é filho de Rubens Paiva e de Eunice Paiva. No livro, ele relata o desaparecimento do pai e a incansável busca da mãe por respostas. Rubens Paiva foi um engenheiro e deputado federal pelo PTB, eleito em 1962. Se destacou ao investigar grupos que conspiravam contra o governo de João Goulart. Após o golpe militar de 1964, teve seu mandato cassado. Em Janeiro de 1971, durante a ditadura, o ex-deputado foi levado para um interrogatório e nunca mais voltou para casa.
Rubens foi torturado e morto em um quartel militar entre os dias 20 e 22 de janeiro de 1971. Um dia depois de Rubens ter saído de casa, Eunice e sua filha mais velha, Eliana, também foram presas. Eliana foi solta no dia seguinte, mas Eunice ainda permaneceu presa por 12 dias. Rubens e Eunice tiveram cinco filhos: Vera Sílvia, Maria Eliana, Ana Lúcia, Maria Beatriz e Marcelo.
Após sua saída da prisão, ela iniciou uma incansável busca pelo marido. Determinada, ela se formou em Direito aos 48 anos e se destacou como uma figura atuante na luta contra a ditadura militar e na defesa dos direitos indígenas no Brasil. A morte de Rubens Paiva só foi oficialmente reconhecida anos depois, por meio das investigações da Comissão Nacional da Verdade, que apurava crimes contra os direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988. O corpo de Rubens Paiva nunca foi encontrado.
Em 1996, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Rubens Paiva foi oficialmente incluído na lista de desaparecidos políticos, e sua família recebeu a certidão de óbito, graças à Lei dos Desaparecidos Políticos, que reconheceu como mortos os desaparecidos durante a ditadura.
Eunice Paiva morreu em 13 de dezembro de 2018, com 86 anos, após viver 14 anos com Alzheimer. Sua trajetória de resistência, assim como a de sua família, é contada de forma emocionante no livro escrito por seu filho e agora nas telas do cinema com o longa Ainda Estou Aqui.
