{ "@context": "https://schema.org", "@graph": [ { "@type" : "Organization", "@id": "/#Organization", "name": "Lab Dicas Jornalismo", "url": "/", "logo": "/images/1731419915.png", "sameAs": ["https:\/\/facebook.com\/dicasjornalismo","https:\/\/instagram.com\/dicasdejornalismo","https:\/\/twitter.com\/dicasjornalismo"] }, { "@type": "BreadcrumbList", "@id": "/#Breadcrumb", "itemListElement": [ { "@type": "ListItem", "position": 1, "name": "Lab Dicas Jornalismo", "item": "/" }, { "@type": "ListItem", "position": 2, "name": "Cultura", "item": "/ver-noticia/30/cultura" }, { "@type": "ListItem", "position": 3, "name": "Escrevendo com Fogo: o retrato do jornalismo independente feito por mulheres na Índia" } ] }, { "@type" : "Website", "@id": "/noticia/11072/escrevendo-com-fogo-o-retrato-do-jornalismo-independente-feito-por-mulheres-na-ndia#Website", "name" : "Escrevendo com Fogo: o retrato do jornalismo independente feito por mulheres na Índia", "description": "\"Fizemos do nosso jornalismo a voz da democracia. Não deixamos o quarto pilar ruir e continuamos sendo um espelho de nossa sociedade\", declara a diretora do", "image" : "/images/noticias/11072/19042022010436_escrevendo.jpg", "url" : "/noticia/11072/escrevendo-com-fogo-o-retrato-do-jornalismo-independente-feito-por-mulheres-na-ndia" }, { "@type": "NewsMediaOrganization", "@id": "/noticia/11072/escrevendo-com-fogo-o-retrato-do-jornalismo-independente-feito-por-mulheres-na-ndia#NewsMediaOrganization", "name": "Lab Dicas Jornalismo", "alternateName": "Lab Dicas Jornalismo", "url": "/", "logo": "/images/ck/files/lab600.jpg", "sameAs": ["https:\/\/facebook.com\/dicasjornalismo","https:\/\/instagram.com\/dicasdejornalismo","https:\/\/twitter.com\/dicasjornalismo"] }, { "@type": "NewsArticle", "@id": "/noticia/11072/escrevendo-com-fogo-o-retrato-do-jornalismo-independente-feito-por-mulheres-na-ndia#NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "WebPage", "@id": "/noticia/11072/escrevendo-com-fogo-o-retrato-do-jornalismo-independente-feito-por-mulheres-na-ndia" }, "headline": "Escrevendo com Fogo: o retrato do jornalismo independente feito por mulheres na Índia", "description": "\"Fizemos do nosso jornalismo a voz da democracia. Não deixamos o quarto pilar ruir e continuamos sendo um espelho de nossa sociedade\", declara a diretora do", "image": ["/images/noticias/11072/19042022010436_escrevendo.jpg"], "datePublished": "2022-04-18T01:17:30-03:00", "dateModified": "2022-04-18T01:17:30-03:00", "author": { "@type": "Person", "name": "labdicasjornalismo.informativocarioca.com", "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "@id": "/#Organization", "name": "Lab Dicas Jornalismo", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/images/ck/files/lab600.jpg", "width": 600, "height": 600 } } } ] }
Articulando-se nos entrelaços entre jornalismo, poder, misoginia, evolução e educação, o documentário Escrevendo com Fogo, produzido por Rintu Thomas e Sushmit Ghosh, é a representação fiel do exercício jornalístico independente feito por mulheres em uma das nações mais tradicionalistas do mundo, a Índia. Originalmente intitulado de “Writing with Fire”, a obra retrata o funcionamento do jornal Khabar Lahariya ou “Ondas de Notícias”, criado em 2002, que, além de sua estrutura subversiva, retrata temas polêmicos do cenário indiano.
A abertura do produto contextualiza a construção social do país sul-asiático, que estrutura-se em quatro camadas, denominadas castas, que são: sacerdotes, guerreiros, comerciantes e servos. Abaixo disso, estão os dalits - os “intocáveis” e “impuros” -, que estão aquém de qualquer tratamento minimamente adequado em sociedade e que trata-se da categoria a qual pertencem as mulheres do Khabar.
Ao longo do documentário, essas classificações demonstram-se influentes em todas as circunstâncias narradas e essa divisão caracteriza um dos principais fatores de oposição do veículo jornalístico por questões individuais e coletivas. “Eu digo às minhas filhas que a identidade de casta delas sempre as perseguirá. Nossa sociedade é estruturada assim, mas é importante continuar desafiando o sistema”, relata Meera Devi, diretora do jornal e uma das personagens principais do documentário.
Escrevendo com Fogo | Teaser Trailer Oficial. (Reprodução: Filmelier - Youtube)
A luta por visibilidade e por mínimas condições de sobrevivência aos Dalits é pauta urgente para as jornalistas e representa o espelho de muitas outras construções sociais, que determinam-se por relações de hierarquização extrema e dissimulação de problemáticas que assolam comunidades inteiras. Algumas dessas crises abordadas no documentário são insuficiência - ou completa falta - de saneamento básico, negligências de segurança e intensas explorações de trabalho.
Outro ponto característico presente em toda a narrativa é a posição feminina nos espaços, tanto de trabalho, quando se trata da formação do jornal; quanto sociais, no referente aos aspectos de sobrevivência e vivência das mulheres indianas. As figuras femininas, principalmente, dalits são alvos de situações bárbares e tratamentos segregacionistas. Isso corresponde a uma crítica a situações de diversas mulheres de camadas socioeconômicas mais baixas em todo o mundo.
Nesse sentido, o jornal, que faz cobertura para o veículo impresso de tiragem semanal e para as redes digitais, com foco no Youtube, retrata diversos casos de estupro sofridos por mulheres dessa classe e negligenciados pelos órgãos de segurança pública. Em alguns desses episódios, as consequências são fatais. As jornalistas, para além de registradoras e manifestantes desses casos, sofrem ao compreender as suas semelhanças com essas vítimas. Para além de jornalismo de informação e reivindicação, é um trabalho de rogar por esperança para si e as companheiras.
Paralelo aos desafios profissionais, as experiências pessoais dessas mulheres são abordadas no produto. Essa dupla retratação comprova o problema do acúmulo de tarefas sofrido por essas jornalistas, que são responsáveis por conduzir um veículo sem apoio público e até familiar, e por sustentar as atividades domésticas e as relações interpessoais. Em mais um ponto o documentário demonstra-se relevante socialmente por retratar as cargas comumente adas por mulheres, para além de sociedades baseada em preceitos arcaicos.
O produto, apesar de discorrer devidamente sobre diversos temas e situações importantes, deixa algumas lacunas significativas: qual a fonte de financiamento do Khabar Lahariya? Esse subsídio advém apenas das publicações em redes digitais? Essa questão seria essencial para compreender o funcionamento desse veículo entre seus obstáculos. Além disso, o documentário soa programado em cenas de indagação de jornalistas a autoridades de segurança, já que aparentam ser sempre dialogais e pacíficas.
Em 2021, até o lançamento do documentário, o grupo já era composto por 24 mulheres em Uttar Pradesh, no Norte da Índia. Hodiernamente, o canal oficial do jornal no Youtube possui mais de 500 mil inscritos e tem vídeos com milhões de visualizações. Isso é explicado também por transformações adotadas internamente por meio de formações sobre ferramentas digitais e de utilização de novos mecanismos tecnológicos em toda a produção. As gestoras do veículo compreendiam a importância de adaptar-se à Era Digital para alcançar maior agilidade, rentabilidade e alcance. Isso evidencia as novas práticas jornalísticas que estão sendo adotadas em todo o mundo.
Escrevendo com Fogo, foi um dos indicados ao Oscar 2022 e está disponível apenas para compra ou aluguel em algumas plataformas de streaming, como Youtube, IOS TV e Amazon Prime. O produto é relevante para o consumo, principalmente, de jornalistas, mas é interessante em geral para a compreensão sobre as construções sociais de uma grande nação oriental.